quarta-feira, dezembro 30, 2009
terça-feira, dezembro 22, 2009
quinta-feira, dezembro 03, 2009
terça-feira, novembro 24, 2009
# 062
segunda-feira, setembro 14, 2009
# 061
quinta-feira, setembro 10, 2009
# 060
"
O homem estava sentado sobre uma lata na beira de uma garça. O rio Amazonas passava ao lado. Mas eu queria insistir no caso da rã. Porque me contou aquela uma que ela comandava o rio Amazonas. Falava, em tom sério, que o rio passava nas margens dela. Ora, o que se sabe, pelo bom senso, é que são as rãs que vivem nas margens dos rios. Mas aquela rã contou que estava estabelecida ali desde o começo do mundo. Bem antes do rio fazer leito para passar. E que, portanto, ela tinha a importância de chegar primeiro. Que ela era por todos os motivos primordial. E quem se fez primordial tem o condão das primazias. Portanto era o rio Amazonas que passava por ela. Então, a partir desse raciocínio, ela, a rã, tinha mais importância. Sendo que a importância de uma coisa ou de um ser não é tirada pelo tamanho ou volume do ser, mas pela permanência do ser no lugar. Pela primazia. Por esse viés do primordial é possível dizer então que a pedra é mais importante do que o homem. Por esse viés é que a rã se acha mais importante do que o rio Amazonas. Por esse viés, com certeza, a rã é uma creatura orgulhosa. Dou federação a ela. Assim como dou federação à garça quem teve um homem sentado na beira dela. As garças têm primazia.
"
Manoel de Barros
em Memórias Inventadas
segunda-feira, agosto 10, 2009
# 058
segunda-feira, julho 06, 2009
# 057
quarta-feira, junho 24, 2009
# 056
quinta-feira, junho 11, 2009
# 055
sábado, junho 06, 2009
# 053
segunda-feira, junho 01, 2009
# 052
sexta-feira, maio 08, 2009
quarta-feira, abril 15, 2009
sábado, abril 04, 2009
# 048
quarta-feira, março 25, 2009
sábado, fevereiro 28, 2009
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
quarta-feira, janeiro 28, 2009
# 043
Mar cheira melancia é tubarão na praia. E se cair, ainda assim, de joelhinho reza: nossa senhora dos navegantes, das candeias, da conceição da praia. Peça a quem já foi e não subiu por não entender canto mar dito. Vá! E não volte, porque eu não sou mãe, imaculada, esposa fiel, refúgio santo, intemerata, consoladora, virgem puríssima, rainha da paz. Do bom conselho. Mas não quer me ouvir, vá ouvir sereia. Tô cheia desse mar nos olhos! E meu cabelo, que não te enxuga mais...
terça-feira, janeiro 20, 2009
domingo, janeiro 11, 2009
sexta-feira, janeiro 09, 2009
# 040
quinta-feira, janeiro 01, 2009
# 039
Agora, nova norma entre essas letras,
mas a língua é a mesma aqui no espaço.
É português o vaso; grego ou chinês,
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.