segunda-feira, dezembro 26, 2011

# 080


Tudo é uma questão de manter
a mente quieta,
a espinha ereta
e o coração tranqüilo
"

Walter Franco
em Coração tranqüilo

sábado, setembro 24, 2011

# 079

'O manual você segue só até a página quatro. Da cinco pra frente você rasga, joga fora... entendeu?' e batendo palma me mostrou que não tinha reverbe na sala, mas colocou a manta de som porque eu pedi. Não sabia não ser gentil. Falava grosso, te fazia de piada, mas era sempre gentil (principalmente com as mulheres). Corpo tatuado de histórias, da criação da luz até a das abelhas - 'mel dá dinheiro' - e risadas graves de marinheiro viajado que sabe o que brindar. No olhar claro havia nobreza, a nobreza de quem vive intensamente, porque há um brilho que unge o corpo e os olhos de quem se depara com a vida de frente e a experimenta nos póros. Respirar até o fio de cabelo, numa moto em velocidade... há quem leve vidas para aprendê-lo. Mesmo seguindo todos os manuais de ioga, eu nunca vou entender. Obrigado, Cacá. O reverbe não está mais na sala, está em mim.

sábado, agosto 13, 2011

# 078

'...releu o parágrafo sozinha, cada vez mais, não sabia fugir da condição. E já tão impregnada a solidão nas células que se parassem para perceber seu corpo se desintegraria.'

- parou nesse trecho e tomou um gole do chá,
não conseguiu engolir direito. 
Muito frio.
...

sexta-feira, maio 27, 2011

# 077

terça-feira, fevereiro 08, 2011

# 076

"
Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto... é cada vez menos estranho...
Meu Deus, Meu Deus... Parece
Meu velho pai - que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar - duro - interroga:
'O que fizeste de mim?!'
Eu, Pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga... Que importa? Eu sou, ainda,
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!-
Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste...
"

Mário Quintana
em O velho do espelho

sexta-feira, janeiro 14, 2011

# 075

hoje o sofá voltou ao lugar, o teto está seco, e eu continuo úmido por dentro. essa água que não escoa é o por que vivo, o porquê sentido, chove sempre que preciso. cada pingo uma flor num balde pra ver tudo com mais cor. a sala úmida ganhou perfume de rosa e manjericão e se rearranja num buquê por um anjo exterminador. é assim que se mostra a saída, o cineasta dizia. mais vivo do que nunca.