domingo, outubro 14, 2007

# 014

Fugiu do ostinato em tom misterioso
como indicava a partitura
e ouviu o mistério de quem não pode ouvir,
numa quase fantasia.

Passa-se o tempo, adagio sostenuto,
e a vibração é a mesma
do corpo, que transcende
o tempo e o espírito.

# 013

- Sou brasileiro, falo português, mas não sinto saudade... não me obrigo a usá-la só porque tem na minha língua.
- ...mas você não se sente só?
- Solidão é diferente! Eu me sinto só. Mas sozinho é estar longe da presença de outros... se me sinto assim, eu me cobro a mudança: "tenho que construir mais relações, estar mais presente..." Agora saudade é cobrar a presença do outro, e isso eu não cobro! Os caminhos se dão na escolha de cada um (distante ou próximo). Só cobro o que está na esfera de mudança do meu eu, sozinho...
- Que egoísta!
- ...a saudade?!

segunda-feira, outubro 01, 2007

# 012

(quando firmei raiz nessa tela
achei que ía parar com a madeira do lápis,
mas o que anoto no ramo do sítio
é diferente do escrito na folha,
outros frutos...
...acho que sou árvore)