domingo, março 02, 2008

# 022

O orgulho dela carregou a TV sozinho, até o centro da sala, com uma polegada. A nora de Pasífae olhou em espanto, não esperava ver ao vivo a violência dos noticiários, em cores, pelo seu marido. Com um quarto de músculo, osso bem pesado, encheu a boca da esposa. Sangrou no ponto.

Na reprise da novela, ele ruminou até o jantar. Mugiu pra dentro reengolindo assunto em dobradinha. Encheu bucho a colheradas, porque com garfo ia pedir faca. E arrotou vaca olhando a carne que comia. Não tirava chifre da cabeça. E Pasífae o achava certo, porque o filho não errava - só respondia casmurro, dom passado desde o relho.

Durante Ave Maria, no jornal da rádio, vizinhas de receita perguntaram do regime confinado e encurralaram a campainha a ver Maria. Cadê sua nora? Berrante, a sogra tocou cheia de graça, "Tá dando leite! ... trouxe manteiga que pedi?". Ora queijo, ora manteiga, ora coalhada, derivava leite toda hora espantando moscas que juntavam a zumbir perguntas do novilho. E respondia em ora ação.


Bendita sois vós entre as mulheres, bendito o fruto de vosso ventre. Rogai por vós, os pecadores. E nessa prece, a boiadeira é quem guiava. Foi assim com o pai, por que não com o filho? Aceitava macho forte como touro, mas toureava. E se perguntassem na porta sobre o que ele fez, erguia parede, quantas necessárias, o protegia em labirinto, junto ao segredo de sua origem... minotauro.

2 comentários:

Guilherme disse...

runners, não sabia que tava escrevendo.

voltei aqui porque vi que tinha acessado o meu blog vindo deste.

boa notícia!

vou ler tudo depois, com calma

abs!

roneyfreitas disse...

Seu Fudge! ...um dos que me inspiram nessa arte, bom vê-lo cá!

Abs!