segunda-feira, dezembro 24, 2007

# 017

"
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
"
João Cabral de Melo Neto


Agradeço a João Cabral
pela poesia iluminada

e a todos que me auxiliam a sustentar
tecido tão aéreo: minha vida

(que existe em luz balão
pelos que me auxiliam a tecê-la)

Obrigado!

Um FELIZ NATAL e
um ÓTIMO ANO NOVO

POESIA na vida
de toldo nós

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