...acho que não, não por completo - porque a gente é só uma parte e nada nunca será mesmo por completo. Mas a gente tem lampejos, não é? Principalmente quando criamos, damos forma.
Sempre oferto flores (ao que cultuo como divino) e em cada oferenda monto arranjos, ikebanas nos vasos que tenho. E foi desmontando um de flores do campo (que são as que mais duram) que tive um desses lampejos.
A água já cheirava podre, e eu limpava o limo de dentro, pra deixar o vaso limpo, deixar livre o oco do vaso, o vazio (!) que é a sua essência - porque é pensando no quanto de água e flor comportados que arranjo sempre rosas, girassóis, gérberas, lisiantos, estrelítzias, trigos, cravos, lírios, copos de leite, flores do campo (que duram, impressionantemente)...
...a gente consegue, na plenitude desses pequenos momentos. Mas não tempo todo...
PS (à querida Amanda): ...e foi nessa visão que pensei num poema sobre vaso, tanto neste hai-kai quanto nas citações do post #039
Aprendi com os modernistas - em rasas aulas de literatura - que Alberto de Oliveira era um parnasiano vazio, que escrevia sobre vasos (pelos seus sonetos Vaso Grego e Vaso Chinês)
...mas hoje eu entendo. Não apenas Mário de Andrade (que admiro eternamente) mas também Alberto de Oliveira.
Como percebe, o vaso pra mim (quiçá também ao parnasiano) foi um lampejo tremendo, um clarão (de poesia pura)
eu não sou o vaso, sou o vazio, um vazio. vazio de vaso que sou coexisto com flores e aguas e terras as abraco em meu vazio em forma de vaso. não que tivesse problemas em ser só um vaso vazio mas alguns momentos de completude se deram com flores ou aguas ou terras sem vazo sou só um vazio que desforme não acolhe e nem é mais acolhido, pelo vaso.
7 comentários:
zen
Entender que as coisas em si assim são. E não significa nada. Será que a gente consegue?
...acho que não, não por completo
- porque a gente é só uma parte
e nada nunca será mesmo por completo.
Mas a gente tem lampejos, não é?
Principalmente quando criamos, damos forma.
Sempre oferto flores (ao que cultuo como divino)
e em cada oferenda monto arranjos,
ikebanas nos vasos que tenho.
E foi desmontando um de flores do campo
(que são as que mais duram)
que tive um desses lampejos.
A água já cheirava podre,
e eu limpava o limo de dentro,
pra deixar o vaso limpo,
deixar livre o oco do vaso,
o vazio (!)
que é a sua essência
- porque é pensando no quanto de água e flor comportados
que arranjo sempre rosas, girassóis, gérberas, lisiantos, estrelítzias, trigos, cravos, lírios, copos de leite, flores do campo (que duram, impressionantemente)...
...a gente consegue, na plenitude desses pequenos momentos.
Mas não tempo todo...
PS (à querida Amanda):
...e foi nessa visão
que pensei num poema sobre vaso,
tanto neste hai-kai
quanto nas citações do post #039
Aprendi com os modernistas
- em rasas aulas de literatura -
que Alberto de Oliveira era um parnasiano vazio,
que escrevia sobre vasos
(pelos seus sonetos
Vaso Grego e Vaso Chinês)
...mas hoje eu entendo.
Não apenas Mário de Andrade
(que admiro eternamente)
mas também Alberto de Oliveira.
Como percebe,
o vaso pra mim
(quiçá também ao parnasiano)
foi um lampejo tremendo,
um clarão
(de poesia pura)
Valeu pelo incentivo!
Vou tentar postar mais no blog!
Valeu!
ah, sou irmão do Marcelo sim!
eu não sou o vaso,
sou o vazio, um vazio.
vazio de vaso que sou
coexisto com flores e aguas e terras
as abraco em meu vazio em forma de vaso.
não que tivesse problemas em ser só um vaso vazio
mas alguns momentos de completude se deram com flores ou aguas ou terras
sem vazo
sou só um vazio
que desforme não acolhe
e nem é mais acolhido, pelo vaso.
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