quinta-feira, janeiro 01, 2009

# 039

Agora, nova norma entre essas letras,
mas a língua é a mesma aqui no espaço.
É português o vaso; grego ou chinês,
o importante é o vazio.

(... descrever como o que permite do floreio à água?
Por isso como de tudo, de todos mestres do passado)


"
Esta de áureos relevos, trabalhada 
De divas mãos, brilhante copa, um dia, 
Já de aos deuses servir como cansada, 
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada, 
A taça amiga aos dedos seus tinia, 
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce, 

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas, 
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
"
Alberto de Oliveira


"

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, 
As sensações renascem de si mesmas sem repouso, 
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras! 
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!

Abraço no meu leito as milhores palavras, 
E os suspiros que dou são violinos alheios; 
Eu piso a terra como quem descobre a furto 
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, 
Mas um dia afinal eu toparei comigo... 
Tenhamos paciência, andorinhas curtas, 
Só o esquecimento é que condensa, 
E então minha alma servirá de abrigo.
"
Mário de Andrade


2 comentários:

roneyfreitas disse...

Feliz Ano Novo!

Anônimo disse...

Toda epopéia agora é peia
e quem pára pra reler apenas para
e segue, sem trema

Feliz 2009 (reformado)