Hoje faz cinco anos que ele saiu do corpo. Aos poucos, sem perceber, foi perdendo vocabulário. Não sabe hoje dizer o que é, não tem. Ser e ter são verbos distintos, mas ele ainda mistura a conjugação de um no outro. Esqueceu das aulas de inglês, não está. Ser não é estar. Hoje, faz cinco anos que não está no corpo que tem, que é. Releu o caminho que foi profetizado. Atravessou ao norte de Minas Gerais um túnel, antiga estação de trem abandonada, três minutos inteiros de breu. Sem limite. Chegou ao outro lado e se deixou. Não é aquele corpo, nem mesmo a mente. Voltou e não mais sabia. É, sem saber. Fez um vídeo disso, que tinha esquecido.
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